— Ora, ora minha querida, você está fadada ao escrutínio do destino.
— Lá vêm você com esse instinto bórico psicopata.
— Desta vez é sério. O escrutínio do destino sou eu. Veja o que há em minha mão.
— Ah, não acredito que decide as coisas desse modo precipitado.
— Mas bem que você merece, por me importunar a vida e enfezar a tranqüilidade.
— E eu te importuno? É realmente insano: não lembra o que faz e ainda atribui ações a mim.
— Não invento. Você tem sido traiçoeira, por isso preciso completar minha vontade de extirpá-la.
— Então é por isso que o pretendente a homicida carrega tal artefato nas mãos. Assim, será um processo lento de agonia.
— Agonia é o que eu quero, mas para você, que é a razão do meu mal-viver.
— O seu mal-viver é culpa sua. Já se foi o tempo em que eu ficava apenas ouvindo seus reclames sem nexo.
— E ainda quer se sair de corajosa? O pudor não lhe permite reação.
— Todos escondemos, até de nós mesmos, certos comportamentos e reações. Você brinca com pudor e faca. Aquele faz sala, o outro perfura, fere.
— Não insinue falsidades. Aqui você está em desvantagem. Eu não sou o insano, o psicopata?
— Você seria capaz, eu sei. Já deu demonstrações antes, mas nunca imaginei tamanha baixeza.
— Tudo que faço é em resposta às tuas imoralidades.
— Então eu sou a imoral? Você não me aponta sérios deslizes, já os seus, os tenho numa lista.
— Está vendo o jogo? Sempre que a acuso, rebate com o mesmo argumento contra mim. Não pense que funcionará. Estou decidido a manter meus planos.
— Não duvido que manterá. Ainda mais em seus devaneios de pobre louco.
— Meus devaneios? Você insiste em pintar-me como louco, coisa que não sou. Você sim é desregulada, dissimulada.
— Parece que você copiou bem minha tática dos contra-argumentos. Mas não pense que me desmoraliza. Toda judiação para louco é pouco, e de insanidade nós entendemos.
— Não me venha macular como desvairado. Você sabe o que lhe espera. Você está fadada ao escrutínio do destino.
— Você nem imagina o que carrego à cintura. Você está fadado ao escrutínio do escrutínio.
*Alopatia: segundo o tio do Chico Buarque, quer dizer “sistema terapêutico que trata as doenças por meios contrários a elas”.
texto legal!aprendi novas palavras!hehehe
abraço amiguinho jão
Coisa linda!
Demorei pra entender, mas entendi. Eu acho. 🙂
Segundo o dicionário “Rideel” (e não o do tio do Chico Buarque), escrutínio é:
s.m. 1 Ação de escrutinar. 2 Exame minucioso. 3 Votação em urna. 4 Apuração dos votos que entram na urna. 5 Urna em que os votos são recolhidos.
Genial esse texto. Vou demorar alguns anos para conseguir escrever um texto tão complexo quanto esse… heheh. A idéia de escrever apenas usando os diálogos foi muito inteligente, um dia eu imito 🙂
To tentando entender……….
ihiihihihih
brincadeira, Joãozinho…………
tah legal…………compleeeeeeeexo, pelo menos p minha cabeça simples, né?
um dia eu vo entender tdin dele…..uashuashasas
escrever bem é um dom que vc possui!
eu naum entendi oq acontece no final: ela mata ele?
meu deus…
onde esse menino vai parar??
Evoluiu muito heim?os textos da tua apstila nem se comparam!Dá próxima vez bota um link com um dicionário virtual…Sou burro d+ pra saber essas palavras!
” Você nem imagina o que carrego à cintura. Você está fadado ao escrutínio do escrutínio.” -bonito isso daí
e tinha que ter um pobre no meio, haha.(“pobre louco”)
jaum e o pé de feijaum
Meu amiguinho, mestre da analogia médico-lógica hehehe
Ele congrega luz e escuridão, loucura e verdade de forma genial!
Amiguinho vocabular! Continue assim, espero criar vergonha na cara e voltar a produzir e quem sabe um dia eu possa produzir algo de boa qualidade estética e de conteúdo.
Abraço..